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IMAGEM: REPRODUÇÃO PORTAL UOL |
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Na última quinta-feira (5) o Supremo
Tribunal Federal decidiu, por 6 votos a cinco, negar o pedido de habeas corpus
do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Foi um julgamento tenso e difícil
para o Brasil, ainda mais por colocar o País em bisseção.
Especialistas políticos, jornalistas
e até o próprio judiciário previam que Lula pudesse ser preso 'dentro dos
próximos dias', não imediatamente, como se concretizará. Todos surpreendidos
pela notícia de que o Juiz Sérgio Moro o expedira uma ordem para que o
ex-presidente se apresentasse até às 17h desta sexta-feira (6), na sede da
Polícia Federal, em Curitiba.
Os advogados já fizeram um novo
pedido de habeas corpus, com a argumentação acerca de que a expedição da ordem
foi muito rápida, não esperando sequer o esgotamento dos recursos possíveis em
segunda instância. E os argumentos realmente fazem sentido, já que a ordem foi
feita apenas 20 minutos após a autorização do TRF-4 e em menos de 24h da
decisão do STF.
É evidente - inclusive para a maioria
dos especialistas - que a condenação a 12 anos e um mês de prisão, no caso
Tríplex do Guarujá, se resuma a alguns meses de prisão, apenas. No máximos que se conta em uma só mão. E Lula é
consciente disto, é claro. Ele sabe que sua prisão pode ser transformada em uma
suculenta ferramenta para fortalecer o seu discurso considerado por muitos
"vitimista". Para ele, pior seria se não fosse preso.
Na minha humilde análise de variáveis cálculos, sou convicto de que ele não disputará as eleições de 2018. Ao menos de corpo e alma, porque seu corpo estará dentro de uma sala pequena e simples, na Polícia Federal, provavelmente. Já sua alma, seu símbolo e sua força poderão lançá-lo inicialmente como candidato, mesmo sabendo que não será de fato, devido à Lei da Ficha Limpa. Neste cenário, é bem capaz de que ele se coloque como candidato até onde não dá mais e depois tente transferir sua força eleitoral para outro 'cumpanhêro' de sua preferência.
𝐏𝐨𝐫 𝐢𝐬𝐬𝐨 𝐝𝐨 𝐝𝐢𝐬𝐜𝐮𝐫𝐬𝐨 𝐜𝐥𝐢𝐜𝐡ê 𝐝𝐞 𝐪𝐮𝐞 𝐚 '𝐡𝐢𝐬𝐭ó𝐫𝐢𝐚 𝐯𝐚𝐢 𝐜𝐚𝐬𝐭𝐢𝐠𝐚𝐫' 𝐪𝐮𝐞𝐦 𝐨 𝐜𝐨𝐧𝐝𝐞𝐧𝐨𝐮: "Politicamente falando, Lula tá medindo milimetricamente
cada ação para que ele seja convertido em um ser divino, num futuro muito
próximo", alencou o apresentador Ricardo Boechat, em um contundente
comentário feito em seu programa na Rádio Band News, na manhã desta sexta-feira (6/04).
Lula há de sair da cadeia nos
próximos meses - no máximo 3 anos - e se colocar num liquidificador, misturando
sua figura às figuras de outros como Mandela, Tiradentes e até Jesus Cristo,
como de costume. Em epítome, a prisão de Lula será útil ao discurso futuro,
onde se colocará em nível mártir. Se bem que poderia ser isto sem precisar
desse esforço todo, se atentarmos às minhas observações abaixo.
Eu tenho que ser honesto! Lula é, até
o momento, a figura mais popular e respeitada mundialmente entre o rol de
ex-presidentes da República Brasileira. Foi, inegavelmente, o que mais fez pelo
País, principalmente pelos desfavorecidos, que antes não recebiam tanta atenção
dos chefes majoritários da Federação.
Grandes avanços nos variados setores,
com destaque para a Educação. Mas, paradoxalmente, também foi o que permitiu o
maior saqueamento dos cofres públicos já registrados na história.
Envolveu-se
com porcos e semelhante a tais acabou se tornando. Poderia realmente ser um
mártir, uma figura exemplar e inspiradora em registro histórico, mas não se
conteve ante os altos algarismos que o cifrão pode registrar. Uma ambição por
poder, que não chega a reduzir em pó a sua reverenciada biografia, mas implica
em uma mancha jamais esquecida.
Eu, por exemplo, nunca teria
condições para ter feito uma faculdade de Jornalismo, que, em Goiânia, onde
moro, chega a custar R$ 2.500,00 mensalmente. O FIES - que não foi exatamente
Lula quem criou, mas o avançou - me concedeu a oportunidade de não permanecer
num nível de escolaridade onde jovens - negros e pobres como eu, com a mesma
origem que a minha - costumam encalhar. Mas também não posso ser hipócrita de
justificar os pecados de lula, como seus seguidores fazem, pelas boas ações que
realizou em nosso País.
Lula é um político extremamente
inteligente, articulador, estratégico e sabe como sair de bom moço, mesmo
quando os ataques são certeiros. Tudo ia muito bem, inclusive estava aparecendo
em frequentes entrevistas concedidas em emissoras relevantes, onde falava como um
'super político'. Já no final do primeiro mandato do Governo de sua
sucessora Dilma Rousseff, as bombas-relógio começaram a eclodir. Por isso
tenho Dilma como inocente em muitas acusações a ela feitas.
Desde o impeachment de
Dilma, onde os discursos de "perseguição" e "golpe"
ganharam força, Lula se coloca como alguém que não pode ser suspeito,
investigado, acusado, julgado e preso. Inclusive, em algumas declarações,
parecia se considerar acima da lei. "Eles querem me prender porque
governei para os pobres e tirei o Brasil do mapa da fome". Esta já é uma
frase indispensável às suas alocuções nos palanques por onde passa.
Não estou dizendo que a prisão de
Lula e as investidas judiciais na galera do PT não tenham interesses políticos
por trás, sei que tem muita gente aproveitando a ocasião. Mas não podemos
deixar de punir um indivíduo só pelo poder que tem ou pelas coisas boas que
fez. A punição à Lula é exemplar, pois mostra aos demais corruptos que se até
"Lula-Jesus" foi preso, todos estão sujeitos à Justiça.
É claro que a luta não para por aqui,
pois o ex-presidente é apenas um entre as miríades de políticos descarados que
merecem cadeia. Inclusive Michel Temer, Alckmim, Serra e Aécio Neves & Cia,
que, mesmo tendo mais provas de seus crimes do que Lula, permanecem em
liberdade.
Uma coisa é certa: já que prendeu um,
terão de prender todos. Moro não pode se aposentar ou fugir da raia antes de
por os outros grandes corruptos na cadeia, até para não configurar, de fato, um
projeto de interesse político. A pressão tem que continuar e espero que 'MBL' e
'Vem Pra Rua' estejam conscientes disto, porque vão ser cobrados arduamente,
inclusive por mim.