quarta-feira, 24 de outubro de 2018

Não deu pra segurar a falta, então eu fiquei

Teatro Goiânia


A capital do Sertanejo sempre esteve atrelada aos meus sentimentos de paixão.

Hoje, como escrevi em um outro texto, o que mais me encanta na cidade é o multiculturalismo, a mistura, a diversidade.

Goiânia parece ter mais tocantinenses, baianos, paraenses e maranhenses do que o próprio goianiense. 

É a cidade dos pastéis na feira, do morango à beira-rua, dos pequis nos terminais e do português e trânsito diferenciados. Aqui, além do Sertanejo, encontramos estilos musicais do Rock ao MPB, do Forró ao Funk. 

Quando pisei em solos goianienses pela primeira vez, eu ainda vivia meu primeiro aninho de vida. Tudo era novo, tudo era emoção. 

Na ocasião, protagonizei uma das histórias mais emocionantes que minha Mãe já viveu. Na casa de uma das tias que eu tenho na bela Cidade, avistei um fogão que me conquistou pelas cores e design que o embelezavam. 

Resolvi abrir a porta do forno e adentrar àquela máquina que, na imaginação fértil de uma criança, mais parecia uma nave com tecnologia de ponta. Passageiro a bordo, fechei a porta da aeronave e comecei a viajar no meu universo de menos de 2m³. 

Foi um desespero! Após me procurarem por todo canto da casa, saíram às ruas, imaginando que alguém teria me raptado ou que eu fui dar uma volta no bairro.

Ao retornarem para dentro de casa, escutaram um barulho meio estranho na cozinha. Era eu simulando o pouso de minha aeronave. 

Nos passeios à noite, pela cidade, ficava seduzido com as miríades de luzes amontoadas dos bairros ao redor. Era a iluminação pública, mas na minha cabeça tudo fazia parte de uma interminável ornamentação natalina. Estávamos no Natal, por sinal! Inclusive foi aqui que tive o meu primeiro e triunfal encontro com o Papai Noel, no Goiânia Shoping.

Em 2007, já aos 12 anos de idade, tornei voltar à Capital do Goiás. Não foi muito fácil! Meu pai prometeu me trazer, mas eu teria que conseguir a metade da passagem. Minha paixão era grande. Tratei imediatamente de levantar o dinheiro.

Até hoje eu não sei exatamente o porquê, mas sempre amei a cidade. 

Me lembro como se fosse hoje de eu abordar as senhoras (da Rua Gov. José Ludovico, onde eu morava, em Ponte Alta do Bom Jesus-TO) e me oferecer para eu capinar o quintal da casa delas, pois precisava vir a Goiânia, passar o Natal. Acho que pelo fato de ser ainda criança e tão empenhado, acabei as convencendo. 

Consegui o dinheiro e vim. 

Foi outro Natal, dessa vez ainda mais encantador. Passei pela primeira vez pelo maravilhoso túnel natalino da Tamandaré, uma praça do Setor Oeste, região nobre da Capital.

Pensei que já pudesse ficar, mas minha Mãe, que estava no Tocantins, não quis deixar.

Só em 12 de Abril de 2012 é que eu e minha Família finalmente nos mudamos de vez para cá. Decidimos de uma hora pra outra, o que me deixou um pouco de inseguro. Mas a prerrogativa era "para ter um futuro melhor e poder crescer na vida". Acho que deu e está dando certo. Aqui concluí o Ensino Médio e fiz Faculdade. 

Olhando para trás, percebo o quanto me fez bem sair da Rua José Ludovico para a Capital do majestoso Pedro Ludovico. Hoje nem passa por minha cabeça sair daqui um dia. A paixão continua, e o encanto também.

Numa licença poética de "Rumo À Goiânia", de Leandro e Leonardo, eu diria que não deu pra segurar a falta e então eu fiquei. 

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