REPRODUÇÃO: Nikkei Asian Review |
A manobra de massas nunca deixou de ser instrumento nas mãos
de políticos. Hoje, com o advento da internet, sofremos um câncer devastador
chamado Fake News, termo que o brasileiro conheceu na prática em sequência às
eleições nos EUA.
Para alguns dos eleitores, um texto ou vídeo compartilhado
no Whatsapp não precisa necessariamente ser verdadeiro, mas apenas precisa ser
a favor de seu candidato preferido e contra a oposição.
No caso de Bolsonaro, todas e quaisquer notícias sobre suas
declarações absurdas são chamadas de tendenciosas e inverdadeiras. Mas quando o
teor das mesmas é comprovado, pulam para a casinha da passividade,
relativização, justificação, ironia, menosprezo e banalização, buscando
minimizar a gravidade de tal fato. Não há lugar para reflexão ou repúdio.
Este comportamento põe a teoria pregada por eles mesmos em
contradição. Aquela de que os eleitores do PT é que são burros e massa de
manobra.
O que mais me preocupa não é o fato de 57% dos eleitores
votarem em Bolsonaro. O que me assusta é uma enorme parcela destes que não
consegue sequer questioná-lo. Aceitam todo e qualquer posicionamento ou
declaração com preocupante passividade.
Assim, criam um ambiente de extremo conforto para o futuro
presidente do País. Afinal, não precisar prestar conta e esclarecimentos sobre
seus posicionamentos esdrúxulos é tudo que Bolsonaro quer. A indisposição ao
raciocínio e o fugir do campo do debate é o seu habitat natural.
O Capitão tem um vasto histórico de posicionamentos
ridículos, machistas, violentos, rasos e homofóbicos.
Uma sociedade com indivíduos “não pensantes” é o cenário
ideal para os moldes ditatoriais e prejudiciais à democracia.
O mesmo alerta cabe também a uma parcela de eleitores de
Haddad.
Se o que ajusta um líder são seus seguidores, creio que quem
permite o Bolsonaro tornar-se quem é são alguns de seus próprios eleitores.
O cidadão que não é capaz de questionar os deveres de seus
representantes, está sujeito a viver sem seus direitos pro resto da vida.