quarta-feira, 17 de maio de 2017

Tenho uma sensação de que basta converter-se evangélico para que o crime seja perdoado

Um discurso ascendente e acalorado. A impressão de que, após cometer um crime bárbaro e ir para a cadeia, é só se declarar convertido que o erro tem um "perdão social" é tema de vários embates entre opiniões divididas nas redes sociais.

A adesão de condenados às religiões parece ter se tornado estratégia moral para amenizar a imagem macabra dos atos que lhe foram imputados. De ontem para hoje, como pólvora lançada às labaredas, vi a repercussão de que o serial killer Tiago Henrique, condenado a mais de 630 anos de prisão, lançaria seu livro “Tiago Rocha: Um pouco da história por trás de um serial killer”. A notícia foi dada pelo perfil do Facebook do padre Luiz Augusto, que acompanha a elaboração da obra de Tiago.

Ao rodapé da “nota de esclarecimento” do religioso, uma chuva de comentários ácidos, comum neste tipo de publicação. “Perdão padre, mas não acredito no arrependimento deste crápula. Sim, devemos perdoar. Mas será que ele realmente merece? Não seria só promoção? não sei, mas acho que não poderia tá escrevendo livro algum. Deveria mostrar seu arrependimento de outra forma não com promoção”, refuta a usuária Aparecida Rodrigues da Silva.

Logo em baixo, num outro comentário em nome de Anderson Kleiton, um questionamento moral: “A família das vítimas? As pessoas que estão sofrendo? Thiago causou tanto estrago... Sei que é seu trabalho reeducar... Mas este foi o pior de todos...Ninguém quer ler um livro de um assassino...Não quero ver nada deste mostro”, abomina.

Já Ida Rosa, outra usuária, ataca: “Absurdo isso! Dar Ibope pra um desgraçado desse que causou tanta dor e sofrimento às famílias!...Quem se alia a um desgraçado infeliz desse é tão miserável como ele! Não sei pq esse infeliz ainda tá vivo! Pena de morte pra ele seria pouco!”.

A nota dada pelo padre Luiz Augusto aparece com uma frase em destaque. “O Deus que consola os familiares das vítimas, é o mesmo que perdoa e não desiste da salvação de todos nós pecadores”. A repercussão foi instantaneamente dada por jornais como O Popular, Diário de Goiás, G1 e Metrópole.

O posicionamento do padre tem embasamento bíblico e é o exigido pela religião que representa. Talvez em textos como o de 1Pedro 3: 18, onde diz que o Cristo sofreu pelos injustos ou na ideia central de perdão pregada nas missas e cultos, embasados em parábolas como “O Filho Pródigo” e “Ovelha Perdida”.

O problema é que muitos criminosos recorrem a esta cobertura religiosa para reduzir o desconforto social causado pela crueldade de suas barbaridades. Isto causa uma enorme impressão de que, após cometer um crime bárbaro e ir para a cadeia, é só se declarar convertido que o erro tem um "perdão social".

Tenho quatro exemplos clássicos:

1° - Suzane Von Richthofen e os irmãos Daniel e Cristian foram condenados, em 2006, pela morte dos pais, o engenheiro Manfred e a psiquiatra Marísia, em 2002. Hoje detenta do semiaberto, tem direito a cinco saídas temporárias no ano: Dia das Mães, Páscoa, Dia dos Pais, Dia das Crianças, Natal e Ano Novo. Casou-se, converteu-se pastora, trabalha na cadeia e ainda teve a chance de se ingressar numa faculdade em Tremembé-SP, depois de ser aprovada no FIES (Financiamento Estudantil, do Governo Federal). Ganhou espaço em um programa inteirinho apresentado por Gugu Liberato, mantendo sempre o argumento de ser “vítima de si mesma”, que alcançou o perdão em detrimento do arrependimento. Não é mais a vilã. É agora uma “boa moça”.

2° - Tiago Henrique Gomes da rocha, o serial killer de Goiânia, matou mais de 30 jovens em 2014. Até o momento, depois de 27 júris populares, a pena já chega a 630 anos de prisão. Ele também se “converteu” e lançará, em breve, um livro sobre o seu arrependimento. Francisco Carvalho, o pai de Arlete dos santos, de apenas 16 anos, morta por Tiago com um tiro no peito, lamentou em entrevista ao G1 Goiás. “Para mim, não vai trazer benefício nenhum, só mais tristeza. Não aceito, não. Para mim, é tocar na minha ferida a cada dia”, reprova.

3° - Guilherme de Pádua matou a atriz Daniella Perez a tesouradas, em 1992. A pena de 19 anos foi reduzida para apenas seis. 20 anos depois de sua primeira condenação em 1997, casou-se após ter se convertido pastor evangélico.
“Deus até pode te perdoar porque ele é Pai. Mas conseguir o perdão do povo...aí meu caro, tá difícil”, comentou a leitora Rosi Melo na notícia sobre o casamento de Guilherme, publicada no site do jornal Metrópoles.

4° - Já o Goleiro Bruno Fernandes das Dores de Souza foi condenado a mais de 22 anos de prisão por assassinato e ocultação do corpo da modelo Eliza Samudio, sequestro e cárcere privado do filho Bruninho. Anderson Duarte é o nome do pastor responsável pela conversão de bruno, na penitenciária Nelson Hungria, em Minas Gerais. Em março deste ano, após ser solto, Bruno foi contratado pelo time da Boa Esporte. Mas em abril, após um pedido do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, o goleiro voltou para a cadeia. Ele ainda espera progredir para o regime semiaberto e retomar de vez a carreira.

Se fosse dar mais exemplos desgastaria as cartilagens dos meus dedos digitando e o texto ficaria ainda mais gigante do que já tá. Quis citarar pelo menos alguns. Todos se casando, saindo da cadeia a passeio, vivendo como se nada tivesse acontecido, enquanto os familiares das vítimas de sonhos interrompidos convivem com a dor. Fico pensando em como deve ter sido o Dia das Mães para estes.

Mais uma vez repito: A impressão que dá é a de que, APÓS COMETER UM CRIME bárbaro e ir para a cadeia, É SÓ SE DECLARAR CONVERTIDO que o erro tem um "perdão social". 

Comentários na íntegra: 


Beco de Goiânia é um museu colorido

Você provavelmente já ouviu falar esse nome: Beco da Codorna. Talvez não imaginasse que este local é palco para atrações e grandes histórias

Localizado entre a Avenida Tocantins e a Rua nove, na Avenida Anhanguera bem no Centro de Goiânia, o Beco da Codorna costuma reunir pessoas para tirar fotografias alternativas e grandes atrações.

O local servia como abrigo de moradores e casa para usuários de drogas e prostituição. Mas com o incentivo à cultura, a revitalização começou recentemente, em 2015. Tudo se iniciou a partir do projeto da Associação dos Grafiteiros de Goiânia (A.G.G.).

O Beco tem sido um dos melhores lugares para quem quer tirar fotos alegres e alternativas. “O grafite torna as fotografias mais bonitas, mais atraentes. Sem contar que o espaço faz a gente ficar mais à vontade”, relata a modelo profissional Madagda Rayares. Lá hoje, pessoas podem fazer compras na loja “Upoint”, jogar fliperama, ou até mesmo se deliciar com cervejas artesanais vendidas no bar.

Os fiéis frequentadores do local costumam ir a todas as atividades que acontecem por lá. São haves, eventos culturais e campeonatos.“Sempre venho em eventos aqui. Já vim em Sound System (evento com DJs de diversos lugares), e também em duas haves que aconteceu”, afirma o frequentador do local Gabriel Macedo.

Se você já pensou em "ganhar asas", no Beco tudo é possível. O artista de Minas Gerais Dequete desenhou grandes asas coloridas, possibilitando a interação com a imagem e a imaginação do público. Não é atoa que sua arte é uma das mais populares do local.

Ninguém nunca imaginaria que o Beco da Codorna seria o local ideal para um casamento. Foi isso que aconteceu. Priscila Miranda e Guilherme Carneiro realizaram o sonho de se casar em lugar um tanto quanto inusitado. As artes expostas no local, fizeram com que o casório fosse uma linda cerimônia à céu aberto. Este casal alternativo terá com certeza belas histórias para contar de seu casamento para seus filhos.

Caso você esteja pelo Centro de Goiânia, dê uma passadinha no Beco. Será uma experiência incrível.

quarta-feira, 3 de maio de 2017

Não é que somos viciados no Whats


Hoje e em outras ocasiões em que o aplicativo Whatsapp saiu do ar, percebi muitas publicações fazendo menção à dependência em que nos encontramos em relação às redes sociais. Aparentemente, nenhuma incoerência. Aparentemente!

Esse sentido de dependência como um pecado é o mesmo que demonizou a chegada de avanços científicos como a vacina, que causou grande repulsa por parte da sociedade daquela época.

No contexto da tecnologia telefônica, com o avanço da internet, o uso exagerado dos smartphones é chamado de NOMOFOBIA, uma doença que causa vício e dependência de ficar conectado/pavor de ficar desconectado. 

Eu diria que este termo faria sentido, não fosse o cenário que contemplei hoje, quando os usuários do Whatsapp começaram a publicar frases de desespero na timeline do Facebook quando percebiam que não conseguia utilizar o aplicativo de mensagens. "É só o meu Whatsapp que não tá funcionando?", estampava a principal frase das que eram ditas. "Os viciados piram!", brincava um outro usuário.

Se Nomofobia é o fato de ter incômodo de ficar desconectados, seríamos todos nomofóbicos? Prefiro atribuir esta doença a quem realmente está viciado e deixa de comer, dormir e trabalhar por conta da navegação. Não seria conveniente aplicar a todos só por sermos dependentes. 

O videogame é um belíssimo exemplo. Quem joga sabe que, além do rival virtual, ele também precisa enfrentar o preconceito dos que dizem que jogo é coisa de atoa, de vagabundo. Isso contraria o fato de, na maioria das vezes, o jogo ser apenas parte do lazer de alguém e não meramente um vício.

Acho que seria arriscado dizer isso [que somos viciados], pois a dependência em que nos  encontramos em relação às redes já é quase a mesma que temos dos carros, energia e gás, por exemplo. São utilidades essenciais ao nosso dia a dia e até para trabalhar, como é o meu caso, que gerencio o Face, Twitter e o Instagram de empresas. 

Não é que somos viciados no Whats. Temos que lembrar que estamos na era digital, onde não nos comunicamos mais pelos orelhões da Oi, como bem me lembro que acontecia há pouco mais de dez anos. O cartãozinho de 40 unidades custava valiosos quatro reais e nos permitia falar por cerca de
15 ou 20 minutinhos.



Portanto, se não tirar o seu sono, o seu jantar e o seu trabalhar, use e abuse das redes. 

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