Talvez pareça estranho ouvir que, num passado não tão
distante, uma mulher não podia sequer decidir por si própria. Votar era apenas
papel dos homens. Não podia trabalhar “fora de casa” e nem construir carreira
profissional. Também não tomava decisões importantes acerca da economia,
negócios e política. Os bens não eram sob registro de seu nome. No carro, o seu
lugar era sempre o banco do passageiro.
O papel secundário também era previamente definido: em casa,
cuidando dos filhos, preparando as refeições, servindo aos prazeres sexuais do
marido, a quem era também intitulado como o “seu dono”. Era ele quem ditava a
ela o que podia ou não fazer, aonde podia ou não ir e até mesmo que roupa
vestir.
Era final do século XIX, início do século XX, quando
movimentos que reivindicavam maior espaço para as mulheres começaram a tomar
grandes proporções e a alçar resultados. Foi a partir destas manifestações por
melhores condições de trabalho feminino que surgiu o Dia Internacional da
Mulher, um dia para comemorar conquistas.
E, não querendo ser redundante, mas para comemorar
conquistas não seria preciso primeiro conquistar?
Infelizmente, à mulher ainda são empregados rótulos de
frágil e delicada.
Não é atoa que quando pegamos um táxi e a
motorista é uma mulher, já nos sentimos desconfortáveis. Quando vemos a mulher
na diretoria de uma empresa ou mesmo desempenhando profissões masculinizadas
tentamos rejeitar a ideia, por entendermos que ali não seria o seu lugar
proposto e pré-definido.
Um dos maiores problemas é que o machismo é replicado,
compartilhado e reafirmado culturalmente com ampla e assustadora facilidade. E
uma destas formas de perpetuação são as piadinhas, ditas até pelas próprias
mulheres.
De acordo com nossa constituição, à
mulher devem ser garantidos os mesmos direitos que ao homem.
Este preconceito não pode ser tratado como se fosse apenas
um comportamento normal. É preciso empoderar nossas mulheres, garantir um
salário mais justo e menos desigual, deixar com que ela mesma escolha o lugar
onde se sinta melhor.
Empoderar é deixa-la decidir por assuntos que envolvam sua
vida, seu corpo, sua carreira profissional, seu lar.
Apesar das grandes conquistas, precisamos de mais política,
menos preconceito e maiores esforços para garantir a igualdade de gênero e
ampla autonomia feminina para liderar, decidir, ser influente e INDEPENDENTE.
A discriminação de gênero precisa acabar. Afinal, “toda Mulher tem o seu lugar, definido por
ela mesma”.