terça-feira, 15 de novembro de 2016

Superlua? Só em 2034

Foto: Reprodução/O Popular
Para a astronomia o fenômeno chama-se ‘Superlua’, mas para eu e um montante de brasileiros é ‘luona’ mesmo. Ela ocorre quando a Lua Cheia está em apenas 10% de seu ponto mais próximo da terra, no perigeu (percurso de sua órbita).
Tinha acabado de acordar na manhã da segunda-feira (14). Na faculdade não ouve aula e decidi ficar na cama por mais alguns minutos. E para não perder o costume, peguei meu celular e comecei a visualizar as mensagens recebidas, seguido por meu rito querido de me atualizar com as manchetes do dia.

Não foi preciso muito esforço. Logo apareceu uma notificação do G1, site de notícias da Globo, me oferecendo uma lista prontinha com as principais notícias do dia. E adivinha qual era a primeira, em destaque? “Maior Superlua em quase 70 anos vai iluminar o céu nesta segunda”, dizia o título da matéria. Me espantei. Nem ouvi sequer alguém falar sobre este evento e ele nem estava incluso em minha agenda de compromissos temáticos.

Comecei a ler a notícia para ficar por dentro das informações em destaque. Até me empolguei, mas me lembrei de outras desilusões que já tive com as notícias da NASA, que sempre me fazem acreditar que vou conseguir ver, assistir ou comtemplar algum evento extraordinário do espaço, neste céu azul. Não fosse minha paixão desde pequeno por astros e suas exuberantes apresentações isso tudo não aconteceria.

Há alguns meses atrás – para ser mais específico, em agosto – também tinha ficado feliz com a notícia de que poderia assistir à chuva de meteoros Perseidas, com mais de 80 meteoros riscando o céu e ainda, como bônus extra, uma possibilidade de esse número aumentar para 200, causando um efeito conhecido como “outburst. Recordo-me que fui até para o interior, para me afastar da iluminação excessiva da cidade grande. Inesquecível, porque não vi nada!

Não houve nada mais desmotivador ou que me causasse mais raiva do que a notícia publicada no dia seguinte ao do evento de que para ver a chuva especial era necessário usar um telescópio ou estar de algum observatório. Agora, me pergunte se eu tenho dinheiro para ir a um observatório ou um binóculo sequer em casa. Arrasador!   

Desta vez tinha prometido que não iria cair mais na piadinha da NASA. Terminei de apurar as informações, me certifiquei de que não precisaria de nenhum binóculo ou ir a um observatório e depois nem consegui dormir mais. Durante a tarde, fui para o trabalho. Lá abri outros sites para certificar-me de que não estava caindo em nenhum golpe utópico e, daí sim, comecei a me empolgar.  Cada site dava uma dica diferente.

Diferentemente da chuva de meteoros, eu não teria que me deslocar para um lugar de pouca iluminação. A lua apareceria muito grande, em maior proporção desde 1948. A promessa era de que ela seria 14% maior e 30% mais luminosa do que a lua cheia em seu apogeu. “Ao anoitecer, ela poderá ser vista no mundo inteiro”, afirmava um jornal on-line.

Fiquei muito feliz, ainda mais que o evento só ocorreria outra vez em 25 de novembro de 2034 e, caso eu a perdesse, só em 2052. A recomendação dos especialistas era que, para ver o fenômeno, seria melhor no início da noite, de cima de uma árvore, casas e, se possível, prédios.
No horário indicado, mais ou menos às 19h20m, eu até subi nos mais altos andares do prédio onde trabalho para apreciar a Superlua. Ao olhar da janela, na direção para onde deveria estar a lua, a decepção me tomou. Nuvens e mais nuvens, muito escuras. Não havia nada!
Fiquei por mais alguns minutos na esperança de que ela estivesse atrasada, mas não. Ela não estava atrasada. Voltei para a minha sala e a Superlua não passara de fotos pesquisadas por curiosidade no Google Imagens. Mais tarde, tornei entrar nos sites de notícia. Novamente li uma daquelas matérias desmotivadoras que também me causam pavor. “A Superlua chegou ao brasil, mas só alguns conseguem ver”, dizia a veja.

Talvez eu tenha que esperar até 2034, se ainda estiver vivo e com a mesma paixão. Paulatinamente, vou aprendendo que nem sempre é possível apreciar uma boa dança de meteoros ou mesmo a uma exibição da lua bafejante e resplandecente. 

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