sexta-feira, 27 de junho de 2014

Felicidade - Uma Perspectiva Cristã

O que é felicidade? Por que buscamos a felicidade? É possível ser feliz? O que traz felicidade ao ser humano? Estas perguntas fazem parte daquelas indagações que todo ser humano carrega dentro de si, muitas vezes sem coragem ou motivação de repassá-las à frente, talvez sem esperança de vê-las respondidas satisfatoriamente. Sem querer ser pretencioso e oferecer as repostas que todos buscam, gostaria de refletir sobre as questões colocadas acima e, quem sabe, contribuir, de alguma forma, para a maior felicidade de uma única alma. Uma consulta ao dicionário (Wikipédia) mostraria que "A felicidade é uma gama de emoções ou sentimentos que vai desde o contentamento ou satisfação até à alegria intensa ou júbilo. A felicidade tem ainda o significado de bem-estar ou paz interna. O oposto da felicidade é a tristeza." Se perguntássemos ao poeta Vínicius de Moraes, ele responderia que: "A felicidade é como a pluma que o vento vai levando pelo ar. Voa tão leve, mas tem a vida breve. Precisa que haja vento sem parar. A felicidade é como gota de orvalho numa pétala de flor. Brilha tranqüila, depois de leve oscila e cai como uma lágrima de amor." O que quer que seja o significado de felicidade, todos concordaremos que ela nos trás um bem estar e uma paz interior. Por isso a desejamos tanto. Ed René Kivitz nos informa em seu excelente livro "Vivendo com Propósitos" (Editora Mundo Cristão) que pesquisas recentes mostram que as pessoas possuem um ponto de estabilização da felicidade, um nível de alegria ao qual se retorna, não importando se o indivíduo tenha ganhado na loteria ou perdido a capacidade de usar os seus membros. A neurociência está descobrindo que, quando as pessoas falam em felicidade, na verdade estão descrevendo estados de espírito, momentos em que se sentem bem em comparação a outros em que experimentam algum tipo de desconforto. Então, quando a vida de uma pessoa é cheia de boas notícias e seu estado de espírito mais comum é satisfatório, ela diz que é feliz. Segundo ele, existem 3 equívocos muito comuns a respeito da Felicidade: 1- Tem gente que pensa que felicidade tem fórmula. Dinheiro + Beleza + Projeção Social = Felicidade, mas tudo indica que estes não são fatores determinantes da felicidade. 2- Tem gente que acha que Felicidade é sinônimo de expectativa de viver num estado de alegria perene, o que não é possível. A insatisfação é que nos impulsiona a realizar. 3- O 3º equivoco é a crença em um destino aleatório como se algumas pessoas tivessem nascido para serem felizes e outras não. Mas vamos deixar os equívocos de lado e ver um pouco o que a Bíblia diz sobre o assunto. O que a Bíblia diz sobre as questões levantadas? Como ser feliz? O que fazer para se ter alegria e felicidade? Vejamos algumas referências do texto bíblico: Salmos 128:1 - bem-aventurado (Feliz) aquele que teme ao SENHOR e anda nos seus caminhos! [A felicidade está associada a andar nos caminhos de Deus] Gálatas 5: 22-23 - Mas o fruto do Espírito é: amor, alegria, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fidelidade, mansidão, domínio próprio... [A alegria é fruto do espírito] Romanos 14:17 - Porque o reino de Deus não é comida nem bebida, mas justiça, e paz, e alegria no Espírito Santo. [A alegria é parte do Reino de Deus, portanto, não tenha medo de ser feliz.] Provérbios 21:15 - Praticar a justiça é alegria para o justo, mas espanto, para os que praticam a iniqüidade. [Algumas práticas trazem alegria] 2 Coríntios 8:2 - ... porque, no meio de muita prova de tribulação, manifestaram abundância de alegria, e a profunda pobreza deles superabundou em grande riqueza da sua generosidade. [mesmo na tribulação e na pobreza pode haver alegria] Tiago 1:2 - Meus irmãos, tende por motivo de toda alegria o passardes por várias provações, [mesmo nas provações pode haver alegria] João 16:22 - Assim também agora vós tendes tristeza; mas outra vez vos verei; o vosso coração se alegrará, e a vossa alegria ninguém poderá tirar. [Jesus afirmando que a alegria e felicidade no céu, com Ele, ninguém poderá tirar] Salmos 16:11 - Tu me farás ver os caminhos da vida; na tua presença há plenitude de alegria, na tua destra, delícias perpetuamente. [na presença de Deus haverá plenitude de alegria e felicidade perpetuamente] Mas, voltando à pergunta principal, o que fazer para se alcançar a felicidade? Eu diria que é necessário mudar nossos valores e atitude diante da vida. Em nossa escala de valores não podemos colocar a felicidade nesta vida como a razão maior da nossa existência. Isso é um valor mais humanista, existencialista/hedonista do que propriamente cristão. Vejamos o que diz Dalai Lama: "Acredito que o objetivo da nossa vida seja a busca da felicidade. Isso está claro. Quer se acredite em religião ou não, quer se acredite nesta religião ou naquela, todos nós buscamos algo melhor na vida. Portanto, acho que a motivação da nossa vida é a felicidade." No cristianismo, a felicidade, assim como o sucesso, deve ser conseqüência e não o objetivo maior da nossa existência. Vejamos o que diz Viktor Krankl: "Não busque o Sucesso. Quanto mais o procurar e o transfomar num alvo, mais você vai errar. Porque o sucesso, como a felicidade, não pode ser perseguido; ele deve acontecer, e só tem lugar como efeito colateral de uma dedicação pessoal a uma causa maior que a pessoa, ou como subproduto da rendição pessoal a outro ser." Segundo Kivitz, a busca da felicidade como um objetivo maior por um ser humano egoísta, que só visa o seu bem estar pessoal, resultará necessariamente em infelicidade. Mais felizes são as pessoas que cultivam um espírito abnegado, solidário e altruísta. Quem diria, os mais felizes não buscam a sua própria felicidade. A felicidade é muito mais um jeito de ir do que um lugar onde se chega. Uma mudança de atitude diante da vida e da sua rotina diária pode fazer muita diferença. A vida não consiste de poucos grandes momentos mas sim em milhares de pequenos momentos aos quais emprestamos significado. Casamos uma vez e devemos viver casados para sempre. [Kivitz] Por isso, precisamos aprender a nos alegrar nestes milhares de pequenos momentos. Como conseguir isso? Através de uma mudança de mentalidade e de atitude diante destes infinitos pequenos momentos das nossa vidas. Podemos começar a aprender com Charles Chaplin no seu poema "Tudo depende de mim", transcrito abaixo, mesmo que não concordemos com tudo o que ele diz. "Hoje levantei cedo pensando no que tenho a fazer antes que o relógio marque meia-noite. É minha função escolher que tipo de dia vou ter hoje. Posso reclamar porque está chovendo... ou agradecer às águas por lavarem a poluição. Posso ficar triste por não ter dinheiro... ou me sentir encorajado para administrar minhas finanças, evitando o desperdício. Posso reclamar sobre minha saúde... ou dar graças por estar vivo. Posso me queixar dos meus pais por não terem me dado tudo o que eu queria.... ou posso ser grato por ter nascido. Posso reclamar por ter que ir trabalhar... ou agradecer por ter trabalho. Posso sentir tédio com as tarefas da casa... ou agradecer a Deus por ter um teto para morar. Posso lamentar decepções com amigos... ou me entusiasmar com a possibilidade de fazer novas amizades. Se as coisas não saíram como planejei, posso ficar feliz por ter hoje para recomeçar. O dia está na minha frente esperando para ser o que eu quiser. E aqui estou eu, o escultor que pode dar forma." Na realidade, sabemos que nem tudo depende de nós. O texto, neste aspecto, é um pouco simplista para sermos sinceros. Mas podemos fazer uma concessão poética e aprender com ele uma forma mais positiva de encarar a vida. Entretanto, acreditar que somos escultores do nosso dia não deve mudar o nosso entendimento de que temos um Deus que cuida de nós, que intervém, a quem podemos recorrer a cada dia. A felicidade completa deveria excluir as dores, as preocupações, o temor, o sofrimento e qualquer outro motivo de tristeza. Mas, esta felicidade plena não é parte deste mundo. É a que nos espera quando estivermos com Deus, face a face, na vida eterna. Mas a alegria e felicidade fazem parte da vida cristã e podem ser experimentadas aqui na terra, não como um fim em si mesmas, mas como conseqüência de uma vida íntegra diante de Deus, somente possível mediante um conhecimento maior de Deus. Aliás, este é o objetivo maior da nossa existência, o conhecimento de Deus (Oséias 6.6).

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