Devemos ter cautela, ser céticos, críticos e não ingerir discursos políticos apresentados pretensiosamente
IMAGEM: Revista Fórum |
É evidente que o assassinato da vereadora Marielle Franco (PSOL – Rio)
tenha causado grande comoção nacional, em especial no Rio de Janeiro e São
Paulo, onde se concentraram multidões em manifestação ao horror.
Fiquei triste e preocupado com a quantidade de postagens -
irresponsáveis, do senso comum e isentas de imparcialidade - passando na minha timeline.
A maioria sugerindo o “porquê” e “por quem” a vereadora foi morta.
É até natural – não saudável - que as pessoas, com as paixões e ódios
alimentados pelo momento, se apropriem de discursos que atribuam a culpa a
alguém ou algo. A parte mais grave é que a própria Imprensa – que por obrigação
de ofício tem que ser o menos sensacionalista possível - está neste mesmo barco
de conjecturas.
A esquerda diz ser obra
de milícias, polícia ou alguém da direita que tinha o interesse de calar a voz
da parlamentar, que sempre ecoava contra exacerbações policiais e em defesa dos
negros, mulheres e favelados.
Já outros da direita culpam a própria vereadora, pois a consideram
como “defensora de bandidos” ao lutar pelos Direitos Humanos. É como se
estivessem dizendo: “Bem feito! Isso aí é para deixar de proteger bandidos e
começar a valorizar os policiais”. Inclusive sugerem que militâncias esquerdistas
e PSOL & CIA estão fazendo do caixão um palanque para ascender discursos
políticos que deem força às suas ideologias e enfraqueçam a Intervenção Militar
do Rio.
Muita gente, inclusive, diz ver muita hipocrisia de quem dá tanto volume
ao caso, pois morrem “pessoas comuns” e policiais em situações iguais ou piores
todos os dias e “ninguém não está nem aí”. Mas o fato é que a vereadora
prestava serviço de grande relevância à população, principalmente pelas causas
e lutas em que se empenhava. Fora que era figura pública e, naturalmente, a
repercussão é maior.
Há também quem atribua o motivo da morte ao fato de ela ser negra, mulher,
defensora de mulheres e 5° vereadora mais votada do Rio, o que incomodaria a
muitos.
Nem tudo é mentira, porém nem tudo é coerente.
A verdade é que tanto um lado quanto o outro têm interesses em
aproveitar o fato para fortalecer suas opiniões, elencar suas causas e “nutrir”
seus discursos. O problema é que, com essa atitude irresponsável e movida a
interesses políticos e ideológicos, desrespeitam o momento e prestam um desserviço
à sociedade.
Devemos ter cautela, ser céticos, críticos e não ingerir discursos
apresentados pretensiosamente. Até o momento só sabemos que foi uma execução brutal
e planejada. Não há, ainda, evidentes elementos que confirmem causa ou culpados
por sua morte.
Vamos poupar ao menos o luto da família de conjecturas idiotas,
sugestões irresponsáveis e juízo precipitado do que pode ter sido o real motivo
pelo assassinato de Marielle.
Insiro aqui abaixo o link de uma análise responsável do Poerchat sobre o
assunto. Vi depois de escrever o texto e resumiu bem o que eu escrevi.
https://www.facebook.com/radiobandnewsfm/videos/1558343400943564/